15/03/2019 – 05:00
Por Flávia Furlan
Bancos nacionais e estrangeiros veem a agenda de concessões e privatizações do governo como uma boa oportunidade para o setor, que se afastou dessas operações nos últimos anos devido ao papel predominante do BNDES e à fixação de taxas de retorno irrealistas, que elevavam muito o risco dos negócios e dos financiamentos.
A avaliação, agora, é de que o pacote de desestatizações e concessões deve movimentar R$ 340 bilhões em investimento na área de infraestrutura nos próximos cinco anos e permitirá aos bancos fazer operações com prazos mais longos e, portanto, de maior risco. Antes, as instituições financeiras se limitavam a conceder empréstimos-ponte para que as empresas vencedoras dos leilões começassem a investir.
Havia o acordo tácito de que o BNDES garantiria o crédito de longo prazo dos projetos e, portanto, os empréstimos-ponte seriam sempre honrados. Como o BNDES não fez isso no caso da Sete Brasil – por causa da delação premiada de um de seus dirigentes -, os bancos ficaram com o prejuízo. Desde então, não houve mais empréstimos-ponte.
No passado, os bancos ofereciam cartas de fiança e garantias para cobrir o risco da construção. Com o mercado de capitais se consolidando como fonte alternativa e mais barata de financiamento, decidiram tomar mais risco. Estão dando, por exemplo, garantia firme de colocação na emissão de debêntures de infraestrutura – se não houver demanda para os papéis, o banco fica com eles.
“Esse tipo de operação se tornou importante para os bancos à medida que o mercado de capitais ganhou espaço no financiamento à infraestrutura”, diz Marcelo Girão, do Itaú BBA. “Em alguns projetos, a solução de financiamento tem sido 100% via mercado de capitais”.
A melhor interlocução com o governo ajuda. O Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), instância vinculada à Presidência responsável pelas diretrizes das concessões, se reuniu, em fevereiro, com 27 instituições financeiras. Hoje, o governo enfrenta o primeiro teste nessa área: a concessão de 12 aeroportos.
Leia mais em: https://www.valor.com.br/financas/6161771/bancos-devem-participar-da-nova-rodada-de-concessoes#