03/06/2019 – Forbes |
Jornalista:
Perguntar a Cleiton de Castro Marques há quanto tempo ele trabalha no mercado farmacêutico, e por que se interessou pelo setor, é como perguntar desde quando ele se conhece por gente. Por quê? O CEO da Biolab esclarece: “Eu praticamente nasci no mercado farmacêutico. Meu pai começou nesse setor como propagandista médico, construiu uma carreira e acabou se tornando proprietário de um laboratório”.
A batalha de João Marques de Paulo, pai (e principal exemplo de vida) de Cleiton e de seus quatro irmãos, para conciliar as demandas da profissão com os deveres familiares (a mãe faleceu cedo) fez com que a família se mudasse várias vezes de cidade. Nascido em Belo Horizonte, Cleiton se recorda das dificuldades pelas quais passaram. “Nunca tive nem a opção de pensar em outra carreira, a família toda trabalhava junto. Entre o final dos anos 1970 e meados dos anos 1980, o setor farmacêutico passou por um período duro. E nós, que estávamos ainda com um negócio em fase inicial, sofremos bastante.”
Marques fez faculdade de economia, mas conta que a formação acadêmica não era a prioridade. “Trabalhávamos feito loucos para pagar as contas.” Mas valeu a pena. Hoje a Biolab engloba três empresas (a Biolab Sanus, para produtos de prescrição; a Biolab Genéricos e a Biolab Pharmaceutical, especializada no desenvolvimento de produtos, com sede no Canadá), emprega 3.100 funcionários e é responsável por 9 mil empregos indiretos. Além disso, está investindo R$ 450 milhões na construção de uma fábrica em Pouso Alegre (MG), que vai ficar pronta em 2021.
“Os ciclos na indústria farmacêutica são muito longos. O curto prazo geralmente é de três ou quatro anos. Então, temos de pensar sempre no desenvolvimento do país e no desenvolvimento tecnológico. É um setor muito dinâmico. Estamos vivendo um momento de incorporação de novas tecnologias. Os avanços da biotecnologia revolucionaram
o tratamento de diversas doenças, principalmente as autoimunes e, agora, as terapias gênicas.”
Inovação é uma das obsessões do CEO. “Se não inovarmos, viramos fabricante de commodities. Por isso, dou tanto valor à inovação, em todos os sentidos: dos produtos aos processos. Investimos 10% do nosso faturamento em PD&I (pesquisa, desenvolvimento e inovação).” Marques conta que a Biolab tem 20 estudos clínicos em andamento e quase 300 patentes solicitadas. “Fazemos tanto pesquisas radicais, que envolvem produtos totalmente novos, como pesquisas incrementais, com novas formulações.”
Para o executivo, um dos principais desafios para o setor da saúde, responsável por quase 20% do PIB do Brasil, é lidar com as constantes mudanças regulatórias e os custos altos para o desenvolvimento de novos produtos. “Outra questão é o desemprego, pois a população acaba ficando sem acesso aos medicamento”,, afirma Marques. “Tenho muito prazer em lançar um produto, sentir que ele é bem recebido pela classe médica e melhorar a qualidade de vida das pessoas.”
Mesmo com a atenção voltada à expansão internacional da Biolab, ele mantém a confiança no Brasil e acredita que o país tem todas as condições de fazer com que crise econômica seja coisa do passado. Mas lições precisam ser aprendidas, para que os erros não sejam repetidos. “Esta crise que estamos vivendo é o resultado de anos de descaso com a coisa pública. Vamos demorar para corrigir os estragos. Mas estamos apagando incêndios, e houve a maior renovação do Congresso dos últimos tempos. Temos de ter uma atuação cada vez maior, cobrando aqueles que nos representam.”
A rotina profissional do executivo, casado há 42 anos e pai de três filhos, é extenuante, mas ele não abre mão de se exercitar pelo menos uma hora por dia e de estar em contato com a natureza. Com a família, viaja constantemente para cidades como Paris, onde se empenha em descobrir novidades gastronômicas e apreciar bons vinhos.
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