04/07/2019
SÃO PAULO – Uma parceria entre a Universidade de São Paulo ( USP ), a Fundação Oswaldo Cruz e oInstituto Pasteur , da França, inaugura, nesta quinta-feira, um laboratório em São Paulo para estudar doenças que causam danos ao sistema nervoso central, como os vírus da dengue , zika , febre amarela e influenza. Também serão estudados protozoários como os tripanossomas causadores da doença do sono.
O investimento previsto é de cerca de R$ 40 milhões, sendo R$ 15 milhões em equipamentos.
A Plataforma Científica Pasteur-USP ficará dentro do espaço Inova USP, na Cidade Universitária, e terá 17 laboratórios de padrão internacional em uma área de 1.700 m². Cerca de 100 pessoas, entre pesquisadores, técnicos e estudantes irão trabalhar no local.
Os locais de pesquisa terão três câmeras pressurizadas para garantir a contenção viral. De acordo com os coordenadores, quatro dos 17 laboratórios serão de biossegurança nível 3, ou seja, usados para estudos de microorganismos que representam alto risco individual e moderado para a sociedade — ou seja, que transmitem doenças letais, mas têm processos preventivos e de tratamento conhecidos.
Segundo Luís Carlos Ferreira, diretor do ICB-USP (Instituto de Ciências Biomédicas) e coordenador da plataforma, houve uma negociação durante cinco anos para que fosse criado um espaço capaz de trabalhar no controle de grandes epidemias virais no país.
— Especialistas do mundo inteiro, não só no Brasil, entenderam a necessidade de se estudar patógenos que anualmente surgem e criam riscos para a população. Pesquisadores da Fiocruz, do Pasteur e da USP trabalharão em projetos de relevância para a saúde pública —, explica Ferreira.
Fundado em 1887, o Instituto Pasteur, sediado em Paris, é um centro de pesquisa biomédica reconhecido internacionalmente e vencedor de 10 prêmios Nobel. O grupo possui 23 mil pesquisadores em todo mundo.
Para Paola Minoprio, diretora do Pasteur e também coordenadora da plataforma científica, faltava no Brasil uma “célula de reação rápida a epidemias”.
— No caso da epidemia de zika no Brasil, por exemplo, esperamos muito tempo para reagir e conseguir adiantar diagnósticos. O que queremos agora é uma célula de intervenção de urgência para que a gente já prepare diagnósticos adaptados ou novos processos terapêuticos —, afirma Paola.
Até 1º de junho deste ano, foram relatados 6.526 casos de zika em todo Brasil, um aumento de 28% em relação a 2018 (5.096 casos). Não há registro de mortos.