Por Abradilan
Publicado em 31/10/2019
O desempenho da indústria farmacêutica deve fechar o ano com um crescimento expressivo, como o que vem alcançando ano após ano, porém ligeiramente pior do que o registrado em períodos anteriores. Mesmo assim, grandes companhias como Aché Laboratórios, Eurofarma e Roche, que apareceram em destaque no ranking Estadão Empresas Mais, continuam apostando alto em novos produtos, o grande oxigênio do setor. As linhas de trabalho, além da adoção de tecnologias de transformação digital, big data, inteligência artificial e indústria 4.0 nas fábricas, seguem pelo caminho do aumento na parceria de grandes empresas com startups, trazendo maior inovação ao ambiente farmacêutico.
Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), aponta que o setor é sempre um dos últimos a sentir os efeitos da queda na economia, e deve fechar 2019 com 9% de aumento no faturamento, após já ter registrado 11% a 12% em anos anteriores. O emprego se mantém estável, com 100 mil vagas diretas e aproximadamente 600 mil postos indiretos. Mussolini diz que desburocratizar processos de desenvolvimento, teste e aprovação dos novos medicamentos, simplificar as regras tributárias e aprovar a reforma da Previdência é o que a indústria espera para continuar aumentando sua participação no mercado brasileiro. “A [reforma] da Previdência é importante para reduzir o déficit fiscal e atrair para cá capital e investimentos, já que o Brasil oferece um cenário altamente favorável para a pesquisa clinica de medicamentos. A [reforma] tributária é necessária para oferecer produtos mais baratos, movendo os impostos dos preços e colocando-os nos dividendos das companhias”, afirma.
Pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, aliás, são áreas em que as empresas não mexem, mesmo nos momentos de crise, explica Mussolini. E assim vem ocorrendo no Brasil nos últimos meses. Para Kerly Pasqualoto, sócia- -fundadora da Pluricell Biotech, startup de pesquisa química computacional no desenvolvimento de novas moléculas, há um campo muito rico de intercâmbio de pesquisas com as farmacêuticas do País. “A indústria hoje está incubando projetos de inovação radical de produtos, em conjunto com pesquisadores que saem da universidade para montar negócios”, afirma, apontando que essas novas drogas, inteligentes, devem chegar ao mercado em 12 a 15 anos.
Existem, porém, barreiras a superar.”Temos preços controlados pela Cmed [Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos]”, diz Mussolini, do Sindusfarma. “Na hora de fazer a precificação, a Cmed não computa o custo de pesquisa e desenvolvimento. Isso traz prejuízos porque as empresas deixam de trazer produtos para o País: as internacionais só lançam fora e as nacionais ficam com braços amarrados sem poder fazer isso. Acaba evitando que a indústria instalada no Brasil possa fazer mais inovação.” Mudar esse panorama é uma das interlocuções que estão em curso atualmente com as autoridades, mas ainda há muita burocracia. “O Brasil precisa se desenvolver como um país olhando a inovação.”
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