O setor farmacêutico e a indústria farmacêutica nacional estão entre os principais clientes potenciais do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) e poderão figurar entre os maiores beneficiados pelo novo modelo de negócios da instituição, afirma Rodrigo Rollemberg, secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Decreto assinado em maio pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu autonomia ao CBA, que passou a ser gerido por meio de uma organização social. Com isso, a instituição passou a ter personalidade jurídica própria e poderá captar recursos públicos e privados para pesquisas. “Se bem-sucedida, a experiência, naturalmente, poderá ser ampliada de maneira a contemplar a biodiversidade de outros biomas brasileiros, com possibilidade real de transformar o Brasil em líder mundial na produção e exportação de produtos da sociobiodiversidade”, diz Rollemberg.
Segundo ele, o setor farmacêutico precisa ter a inovação em seu DNA caso queira ser competitivo, com ou sem uma política pública associada. Na secretaria em que comanda, explica, dois dos quatro departamentos se dedicam a patrimônio genético e bioindústria e insumos estratégicos da saúde. “Por se tratar de assunto novo, numa secretaria nova, em um mundo que acordou para a bioeconomia recentemente, as políticas públicas ainda estão em desenvolvimento e a indústria tem a oportunidade de desenhá-las em parceria com o governo”.
Como a biodiversidade brasileira pode ajudar no desenvolvimento da indústria verde e da bioeconomia e qual o papel do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) neste contexto?
A biodiversidade brasileira, mesmo considerando somente a parcela conhecida e estudada, está entre as maiores e com patrimônio genético mais diversificado do mundo.
No entanto, a condição para que se aproveite todo este manancial de oportunidades passa pela organização das cadeias produtivas, de maneira a qualificá-las, para que possam fornecer matéria-prima com regularidade, quantidade, qualidade e preço competitivo. Só assim criaremos as condições para o desenvolvimento sustentável (inclusive economicamente) de uma “indústria verde”, com impacto relevante na economia como um todo.
O CBA buscará atuar em duas frentes complementares. Por um lado, buscará identificar oportunidades de negócios em pesquisas própria e de terceiros, com vistas a elaboração de planos de negócio que demonstrem a viabilidade a potenciais investidores. De outro, qualificando a cadeia de acordo com os investimentos previstos.
Desta forma, espera-se que o CBA tenha papel fundamental/central na estratégia de transformação produtiva e geração de produtos, que tenham como fonte a biodiversidade amazônica, num primeiro momento.
Se bem sucedida, a experiência, naturalmente, poderá ser ampliada de maneira a contemplar a biodiversidade de outros biomas brasileiros, com possibilidade real de transformar o Brasil em líder mundial na produção e exportação de produtos da sociobiodiversidade.
Esse potencial poderá contribuir para o fortalecimento da indústria farmacêutica nacional?
O setor farmacêutico, como um todo, e a indústria farmacêutica nacional, em particular, assim como fitoterápicos, cosméticos e alimentos, estão entre os principais clientes potenciais do CBA e poderão figurar entre os maiores beneficiados pelo novo modelo de negócios do CBA, agora sob gestão de uma Organização Social.
Além da possibilidade de utilizar o CBA para descoberta e desenvolvimento de novos produtos, a partir de pesquisas próprias ou conjuntas, a produção sustentável e competitiva de insumos que hoje são importados, para fármacos já existentes e consolidados, também poderá ser objeto de parceria daquele Centro com a indústria farmacêutica, caso haja demanda.
Que políticas públicas estão em estudo e podem ser implementadas na área de saúde para estimular a inovação na indústria farmacêutica e a bioeconomia no Brasil?
As políticas para a área da saúde integram a política maior de neoindustrialização (uma nova indústria), que busca estimular a inovação e a liderança do Brasil em um novo modelo de produção, que respeite a ciência e o meio-ambiente, em sintonia com as exigências e emergências de um mundo ameaçado pelas mudanças climáticas.
O setor farmacêutico teve o mercado mundial estimado em US$ 860 bilhões em 2030 pela Precendence Research, de maneira que precisa ter a inovação em seu DNA caso queira ser competitivo, com ou sem uma política pública associada.
Atento a isso, o governo brasileiro criou uma Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria no âmbito do MDIC e, dentro dela, dos quatro departamentos, dois se dedicam a “patrimônio genético” e “bioindústria e insumos estratégicos da saúde”.
Por se tratar de assunto novo, numa secretaria nova, em um mundo que acordou para a bioeconomia recentemente, as políticas públicas ainda estão em desenvolvimento e a indústria tem a oportunidade de desenhá-las em parceria com o governo, de maneira alinhada com uma política industrial que permita ao Brasil se tornar líder mundial nessa área, inclusive no que se refere aos marcos legais internacionais, como a Convenção de Diversidade Biológica, a Convenção do Clima e a Organização Mundial da propriedade Intelectual, por exemplo.
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