O ano de 2019 começou com a doença aparentemente controlada: os três estados com circulação do vírus ao longo do ano passado não tinham novos registros. A última confirmação da doença no Pará havia sido em 26 de novembro; no Amazonas, em 29 de novembro; e em Roraima, em 3 de dezembro. Tudo parecia bem até que, este mês, veio a confirmação de três novos casos em solo paraense.
— Nós vamos ter que refazer o pacto sobre vacina nesse país. O índice de vacinação está perigosamente baixo — alertou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em reunião com secretários de saúde estaduais e municipais na última quinta-feira, dia 14. — Alguns estados dizem que está muito bom, mas enquanto todos os estados não estiverem com níveis elevados de vacinação os caminhos estarão abertos para a disseminação do vírus.
O Pará é o estado mais preocupante: 83,3% dos municípios de lá não atingiram a meta de vacinação.
Existe o receio, ainda, de que o vírus passe a circular também em outros estados — além de Pará, Amazonas e Roraima. Caso a taxa de cobertura não alcance o patamar ideal de 95% da população vacinada, o risco de disseminação do sarampo para outras regiões, como o Sudeste, não pode ser ignorado. É o que ressaltou ao GLOBO o subsecretário de Vigilância em Saúde do Estado do Rio, Alexandre Chieppe.
— Temos que reforçar a consciência de coletividade. A vacinação é também um ato de cidadania. Quando a gente se vacina, não está só se protegendo. Está também diminuindo o risco de os agentes que causam doença entrarem na comunidade. Com muita gente vacinada, o risco de essa doença se espalhar é quase zero — salienta ele.
Chieppe garante que não há falta de vacina nos postos de saúde do estado do Rio. Para quem tem até 49 anos de idade e ainda não se vacinou — ou não sabe se já recebeu a imunização —, ele recomenda que procure um posto.
Em setembro do ano passado, quando foi concluída uma campanha de vacinação para crianças de 1 a 4 anos, a meta de 95% de cobertura para essa faixa etária foi alcançada. No entanto, pelos dados da vacinação de rotina disponibilizados pelo Ministério da Saúde esta semana, o estado do Rio tem estimativa de 84,51% de cobertura vacinal para sarampo.
Não há, por ora, no planejamento da Secretaria de Saúde do Rio, uma nova ação ou campanha contra o sarampo a ser lançada.
— Entre final de março e início de abril, teremos novos dados sobre vacinação contra sarampo, então, com esses dados em mãos, podemos analisar melhor o cenário do estado — afirma o subsecretário.
O grande temor, que tem repercussão internacional, é que o Brasil perca o certificado de eliminação de sarampo, concedido em 2016 pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
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