Por Mônica Scaramuzzo | De São Paulo
A farmacêutica nacional Cristália adquiriu o Sanobiol, laboratório mineiro especializado em soro, negociado, sobretudo para os hospitais. A empresa não divulgou o valor do negócio, mas o Valor apurou que a transação ficou por volta de R$ 100 milhões. Esta é a terceira grande operação da Cristália nos últimos 12 meses - a companhia comprou um laboratório de pequeno porte na Argentina, o Ima, em setembro, e se associou à brasileira Eurofarma e à americana MSD para a criação da Supera, joint venture para comercializar medicamentos.
A entrada no segmento de soros é considerada estratégica para a Cristália, afirmou ao Valor Ogari Pacheco, presidente da companhia. "Cerca de 60% de nossa receita vem do segmento hospitalar", afirmou.
Instalada em Pouso Alegre (MG), a Sanobiol, com faturamento de cerca de R$ 70 milhões em 2011, era um ativo farmacêutico que estava à venda já há alguns meses. Controlada pelo grupo indiano Maneesh, o laboratório foi colocado à disposição no mercado porque a farmacêutica indiana precisava se desfazer de alguns ativos por estar passando por problemas financeiros. Fontes do setor afirmam que outro laboratório, também especializado em soro, a Helax Istar, de Goiânia (GO), está à venda. O último grande negócio desse setor foi fechado em dezembro de 2010, quando a Eurofarma adquiriu a Segmenta por cerca de R$ 450 milhões.
O mercado de soro é considerado uma commodity e movimenta por ano cerca de R$ 1,2 bilhão no Brasil, de acordo com fontes do setor.
Esse segmento sofreu uma restruturação em 2008, com a mudança regulatória promovida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que estabeleceu o sistema fechado para soluções parenterais (soro) no país. Na prática, a alteração obrigou todos os laboratórios que atuavam nesta área a fazer investimentos para reduzir os riscos de contaminação.
Com faturamento de R$ 670 milhões em 2011, a expectativa da Cristália é encerrar este ano com receita de R$ 1 bilhão. "Estamos considerando as receitas da Supera [a Cristália tem 25% de participação] e da Ima [laboratório argentino adquirido pela companhia]", disse Pacheco. A empresa não tem interesse em investir em medicamentos genéricos, afirmou o presidente.
Neste ano, a Cristália também se associou à Biolab, Eurofarma e Libbs para a criação da Orygen Biotecnologia, o segundo superlaboratório formado com o apoio do governo federal e BNDES para a produção de medicamentos biológicos. O primeiro a ser formatado para esse mesmo fim foi a Bionovis, que tem como sócios a Hypermarcas, Aché, União Química e EMS.
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