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Mesmo com a perspectiva de melhora da economia e consequente aumento das vendas de medicamentos, a distribuição ainda deve ser um desafio para a indústria farmacêutica. Agentes do setor buscam se organizar para criar novos canais de acesso entre os fabricantes e o varejo.

“Algumas indústrias não conseguem ter acesso a determinados locais do País por não terem estrutura para negociar com todas as distribuidoras regionais individualmente”, diz o vice-presidente da rede nacional de distribuidores de medicamentos Redifar, Pablo Medina Caldas Silva. A expectativa é de que a rede, recém-criada, comece a operar até o fim do trimestre.

A Redifar reúne 35 empresas, que somadas têm presença em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. A proposta é centralizar as negociações, gerar oportunidades de negócios, ganho de escala e facilitar a logística. “As distribuidoras se juntaram para criar negócios nacionalmente”, explica o diretor executivo da Redifar, Geraldo Monteiro.

Ele conta que uma central vai mediar as negociações e a proposta é de atuação nacional, com capilaridade regional. “Teremos um sistema para integrar a área de compras das empresas, o que vai permitir análise de dados e viabilizar campanhas comerciais específicas.” O foco da Redifar será a distribuição de genéricos e similares e o cliente preferencial serão as farmácias independentes. Medina explica que a atuação regional das distribuidoras é um diferencial na concorrência com as grandes atacadistas. “Cada associado tem sua expertise da tributação e da logística local, que são específicas em cada estado”, ressalta.

Ele detalha que o atacadista costuma ter um centro de distribuição em uma sede regional – Recife (PE), por exemplo – e tem que atender os demais estados do Nordeste, o que acaba encarecendo a operação. “Entendemos que nossa atuação pode reduzir gastos e impactar no preço final.”

Medina acredita que a rede tem potencial para atrair indústrias. “Pode ser interessante para empresas estrangeiras que querem entrar no Brasil e não tem estrutura para atuar nacionalmente. Será possível disponibilizar produtos que não chegam localmente em alguns mercados.”

O presidente da Redifar, Flávio Andrei Medeiros de Jesus, destaca que, embora não seja o principal alvo, uma grande rede de farmácias pode se tornar um cliente. “O desejo pode ser a redução de seus problemas com as tributações estaduais.”

Na soma de suas associadas, a Redifar abrange o atendimento de 43,2 mil farmácias, distribuídas em 4.995 municípios, totalizando R$ 1,6 bilhão de faturamento e 299,5 milhões de unidades de medicamentos comercializadas no ano passado.

Crédito e SegurançaO proprietário da farmácia independente Interdroga, Marcos de Souza, conta que a maior dificuldade para os pequenos varejistas é o acesso ao crédito. “Distribuidoras e atacadistas são acessíveis, mas há restrição se a farmácia é pequena e compra pouco.”

Ele explica que há temor de inadimplência, devido ao momento econômico do Brasil. “O que define é o risco, levando em conta a situação do empresário e do País. Se a economia vai bem, o distribuidor até se dá o luxo de se arriscar a não receber.”

Em relação à distribuição dos medicamentos, Souza conta que cidades mais afastadas acabam tendo que lidar com um prazo maior para receber as entregas. “Nos grandes centros, não há muitos problemas nesse sentido”, destaca. A Interdroga está localizada em São Paulo (SP).

O proprietário da farmácia independente Pirapora, Júlio César Pedroni, afirma que, mesmo as grandes redes tendo a possibilidade de comprar diretamente da indústria, muitas vezes optam pelas distribuidoras por questão de logística e segurança. “O armazenamento é caro e muitas regiões sofrem com problemas de roubos de carga. Para se ter um centro de distribuição, é preciso investir em segurança.”

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