12/02/2019 – 10:01
Por Isabel Versiani e Fabio Graner
BRASÍLIA – A ata da primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no governo Jair Bolsonaro, divulgada nesta manhã, reforça avaliação de que o balanço de riscos do colegiado para a inflação segue pendendo para o lado negativo, apesar de uma redução recente nos riscos associados ao cenário externo.
O Copom enfatizou o nível elevado de ociosidade na economia e afirmou de forma explícita que, após a atividade ter dado sinais de arrefecimento no quarto trimestre de 2018, a aceleração do ritmo da atividade econômica no país vai depender da diminuição de incertezas em relação às reformas econômicas, principalmente as fiscais.
Os riscos desfavoráveis para a inflação associados a essas incertezas internas e também ao cenário global seguem sendo mais elevados do que os riscos benignos impostos pela ociosidade na economia, disse o Copom. A assimetria dos riscos diminuiu, mas persiste, foi o recado renovado na ata da reunião, que voltou a pregar a importância de “cautela, serenidade e perseverança” nas decisões de política monetária.
Na reunião da última semana, o Copom manteve a taxa básica de juros em 6,5% pela sétima vez, o que levará a Selic a completar, em março, um ano em seu menor patamar da história.
Ao comentar o cenário externo, o Copom deu mais detalhes sobre como está avaliando as perspectivas para a economia dos Estados Unidos. O colegiado discutiu dois cenários possíveis para sua evolução na reunião, com implicações opostas para o rumo da política monetária do Federal Reserve. Um dos cenários envolve risco de “desaceleração econômica relevante” e o outro pressupõe continuidade do vigor exibido pela economia norte-americana.
“Os membros do Copom concluíram que, ao menos até a definição de qual dos cenários é o mais provável, os riscos associados à normalização da política monetária nos EUA se reduziram”, afirmou a ata.
O colegiado também chamou atenção para o risco maior de desaceleração da economia global, com o arrefecimento de algumas economias relevantes, e destacou que incertezas associados à continuidade da expansão do comércio internacional e ao Brexit podem contribuir para esse processo.
Sem cravar indicações sobre seus próximos passos, o Copom reforçou que, na atual conjuntura, considera importante ter flexibilidade para conduzir a política monetária. Também entende que a conjuntura prescreve uma política monetária estimulativa, ou seja, com taxas abaixo da taxa de juros estrutural.
Essa deve ter sido a última ata do Copom redigida sob o comando de Ilan Goldfajn. O colegiado volta a se reunir em 19 e 20 de março, quando a expectativa é que o economista Roberto Campos Neto, nomeado para suceder Ilan, já tenha assumido o cargo após ser sabatinado no Senado Federal.
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