“A redução da dependência externa de insumos e medicamentos e a alavancagem desse setor exigem um esforço conjunto do governo, do setor privado, das instituições de pesquisa e da sociedade em geral”, afirma Ricardo Alban, que assume a presidência da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em 31 de outubro, quando se encerra o mandato do atual presidente, Robson Braga de Andrade.
Alban, que presidia a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), lembra que “a pandemia do Covid-19 mostrou a importância de ter medicamentos e tecnologia nacionais, reafirmando a natureza estratégica da indústria farmacêutica para toda a economia nacional”. Ele ressalta ainda que “a inovação em saúde desempenha um papel crucial no fortalecimento da indústria nacional, trazendo benefícios tanto econômicos quanto sociais”.
Formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal da Bahia e Administração de Empresas pela Escola de Administração de Empresas da Bahia, Alban trabalhou no Citibank no início dos anos 1980 e, desde 1987, é sócio-diretor da Biscoitos Tupy, tradicional fábrica de alimentos baiana fundada por sua família.
Uma das missões de política industrial defendida pela CNI, em seu Plano de Retomada da Indústria, divulgado em maio de 2023, é a saúde e segurança sanitária. Qual a importância do setor farmacêutico para o processo de recuperação da indústria?
A recuperação da indústria nacional passa necessariamente pela retomada dos seus principais segmentos, e este é o caso da indústria farmacêutica. A atividade representa um Valor da Transformação Industrial superior a R$ 42 bilhões, sendo o 13º maior dentre os 24 segmentos industriais captados pela pesquisa do IBGE. O setor farmacêutico faturou em 2022 mais de R$ 130 bilhões, segundo a Anvisa. As novas drogas foram as de maior representatividade no mercado, somando mais de R$ 43,2 bilhões ou 33,9% do total, o que sinaliza a extensa atividade de P&D que o setor é capaz de gerar. Além da grandeza dos números econômicos e seus efeitos indiretos na cadeia produtiva, o fortalecimento da farmacêutica nacional dá segurança para enfrentar desafios de saúde pública. A pandemia do Covid-19 mostrou a importância de ter medicamentos e tecnologia nacionais, reafirmando a natureza estratégica da indústria farmacêutica para toda a economia nacional.
O SENAI CIMATEC representou o início de uma nova era para a inovação industrial na Bahia e no Brasil com a pesquisa de novos antígenos e novas rotas de produção para o desenvolvimento de vacinas (plataforma convencional e de RNA) e o desenvolvimento de terapias avançadas (CAR-T Cell Terapy). Nesse aspecto, poderia elencar as principais áreas de atuação do SENAI CIMATEC e como a inovação pode ajudar no processo de fortalecimento da indústria nacional?
As principais áreas de atuação do SENAI CIMATEC no setor de saúde são terapias avançadas (terapia celular e gênica), biomateriais e engenharia de tecidos, biologia molecular, testes diagnósticos, produtos farmacêuticos de base química e biotecnológica, dispositivos médicos, genômica e bioinformática, estudos clínicos e aspectos regulatórios (CRO/ORPC).
A inovação em saúde desempenha um papel crucial no fortalecimento da indústria nacional, trazendo benefícios tanto econômicos quanto sociais. A indústria de saúde engloba uma ampla gama de setores, incluindo farmacêutico, dispositivos médicos, tecnologia da informação em saúde, biotecnologia, entre outros. O estímulo à P&D incentiva a indústria nacional como um todo, pois impulsiona a criação de novos conhecimentos, tecnologias e produtos, atraindo talentos e investimentos, e contribuindo para a formação de um ecossistema de inovação mais robusto que eleva a qualidade de vida e o avanço tecnológico de uma sociedade.
Em relação à indústria farmacêutica brasileira, que avançou muito nos últimos anos e hoje já tem condições de produzir medicamentos biotecnológicos como os anticorpos monoclonais, quais seriam as perspectivas para os próximos anos e que caminho poderia ser seguido para a redução da dependência externa de insumos e medicamentos e alavancagem desse setor no país?
A indústria de saúde no Brasil encontrará desafios e oportunidades significativas nos próximos anos. Diversos fatores influenciam as perspectivas para esse setor, incluindo avanços tecnológicos, mudanças demográficas, envelhecimento da população, demandas crescentes por serviços de saúde e a busca por redução da dependência externa de insumos e medicamentos. As perspectivas para esta indústria no Brasil indicam alguns caminhos, que passam por transformações tecnológicas com o surgimento de novas terapias, dispositivos médicos avançados, telemedicina e soluções baseadas em dados. Por outro lado, há desafios regulatórios e burocrático, que afetam a agilidade na introdução de novos produtos e serviços.
Neste sentido, investir em pesquisa e desenvolvimento, e em capacitação e recursos humanos, é fundamental para a criação de uma indústria de saúde mais forte e autossuficiente. A redução da dependência externa de insumos e medicamentos e a alavancagem desse setor exigem um esforço conjunto do governo, do setor privado, das instituições de pesquisa e da sociedade em geral. Com investimentos em inovação, regulação eficaz e colaboração estratégica, o Brasil pode fortalecer sua indústria de saúde e melhorar o acesso a cuidados de saúde de qualidade para sua população.
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