A Biolab, uma das principais farmacêuticas brasileiras, está ampliando exposição ao mercado externo, ao mesmo tempo em que avança com os investimentos, agora calculados em quase R$ 1 bilhão por causa do encarecimento de equipamentos e materiais de construção, em um novo e moderno complexo industrial em Pouso Alegre (MG).
Em janeiro, seis meses depois de comprar o laboratório canadense Exzell Pharma, dono de marcas como Swiss Naturals e Salinex, obteve o registro do Vonau Flash (ondansetrona), medicamento inovador contra náusea e vômito de dissolução oral quase imediata, na Arábia Saudita. Com isso, abriu caminho para vender o remédio, que no mercado árabe levará a marca Mundell, aos 22 países da Liga Árabe.
A empresa já exportava o Vonau para Equador e Colômbia e fornecia outro produto, o Encrise (vasopressina), usado no tratamento do choque séptico, à Arábia Saudita. O próximo passo é levar o Encrise para países da América Central, México, onde a distribuição deve ser feita por outra farmacêutica brasileira, a Eurofarma, e Canadá.
“Estamos buscando a aprovação para diferentes produtos no Canadá”, disse ao Valor o presidente e sócio da Biolab, Cleiton de Castro Marques. Segundo ele, no mercado internacional, a estratégia é chegar a países de moeda forte, como Estados Unidos. E o maior mercado farmacêutico do mundo é um destino provável já no curto ou médio prazo. “Vamos entrar com produtos menos complexos, mas com algum grau de inovação”, indicou.
A Biolab tem empresa aberta nos Estados Unidos e vem acumulando aprendizados no vizinho Canadá, onde chegou em 2017 com um centro próprio de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Ali, todos os dossiês já são preparados conforme as exigências da Food and Drug Administration (FDA), agência americana com atribuições semelhantes às da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Mas a exposição de seus negócios ao mercado internacional ainda é tímida, de cerca de 1% no ano passado, sem considerar a operação canadense. Segundo Marques, a proposta é usar a capacidade industrial no Brasil para atender aos demais mercados. A aquisição no Canadá, explicou, levou em conta a robusta estrutura de vendas e distribuição da Exzell e o interesse do país em atrair investidores para o setor. “Ali, o investimento em farmacêutica é estratégico”, disse.
O Brasil, sexto maior mercado de medicamentos do mundo, também tem atrativos, mas carece de uma política efetiva de longo prazo para o setor, em sua avaliação. A Biolab é sócia da Eurofarma na Orygen, uma das “superfarmacêuticas” idealizadas pelo governo federal para a produção nacional de biossimilares. Desde sua criação, o projeto perdeu outras duas participantes de peso, Cristália e Libbs, que seguem conduzindo pesquisas nessa área por conta própria. “No modelo de PDP [Parceria para o Desenvolvimento Produtivo], não temos interesse”, afirmou.
Ainda assim, a Biolab segue firme com o projeto de colocar em operação, no país, sua maior unidade. Com orçamento inicial de R$ 500 milhões, a nova fábrica foi anunciada em 2017. De lá para cá, a estimativa de desembolsos para erguer o complexo industrial, que terá 80 mil metros quadrados de área construída, praticamente dobrou e se aproxima de R$ 1 bilhão.
“Além do aumento de custos com infraestrutura mesmo, com aço e cimento, os equipamentos ficaram mais caros”, contou Marques. Duas áreas da nova unidade, que será a maior da empresa, já estão em operação, mas a produção efetiva de medicamentos deve ter início no segundo semestre de 2024, depois de todas as etapas de certificação e aval da Anvisa.
A Biolab, que no ano passado faturou R$ 2,5 bilhões, tem atuação diversificada, incluindo mercado PET, mas ainda encontra no portfólio de cardiologia quase 50% de suas receitas. Com 45 lançamentos no ano passado, tem em portfólio 425 medicamentos de marca e genéricos, incluindo as diversas apresentações, e 81 itens na linha veterinária (Avert).
Texto: Valor Econômico http://glo.bo/3EA0dnw
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