Foi destaque no Correio Braziliense de quarta-feira (12/07) o artigo escrito pelo presidente-executivo do GFB, Reginaldo Arcuri, e o economista e consultor do GFB João Emílio. No texto foram apresentados resultados dos estudos encomendados pelo Grupo FarmaBrasil que mostram o expressivo investimento que as farmacêuticas de capital nacional realizam no país na área de P&D, confirmando que poucos segmentos produtivos responderam de forma tão expressiva às políticas públicas quanto o das grandes empresas farmacêuticas de capital nacional. Certamente um setor estratégico para os objetivos do Governo de reindustrialização do Brasil. Leia o artigo completo abaixo.
Construindo a Missão Saúde
As políticas industriais contemporâneas devem promover transformações estruturais na economia e o aumento da produtividade. Estas podem resultar da ampliação e modernização de fábricas e de inovações para o lançamento de novos e melhores produtos etc. Sua importância e, consequentemente, sua justificativa, está diretamente ligada à criação de novas atividades, mais sofisticadas, que demandarão trabalhadores com maior nível de educação e qualificação e, consequentemente, maior renda. A partir dessa ótica, a política industrial deve ser empregada como um instrumento para, por meio do desenvolvimento industrial, promover o desenvolvimento econômico e social.
Se usarmos o atingimento desses objetivos (i.e. a mudança estrutural e o cumprimento de missões relevantes para a sociedade) para avaliar as políticas industriais brasileiras nas últimas duas décadas, os resultados observados no setor farmacêutico surgem como um caso de sucesso incontestável.
A indústria farmacêutica é, no mundo, uma das que mais investe em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Assim como ocorre em outros setores da indústria brasileira, contudo, parte significativa da produção é dominada por empresas estrangeiras, que costumam concentrar as atividades de P&D em seus países de origem e em outros países desenvolvidos que dispõem de sistemas de inovação mais sofisticados.
Nesse contexto, considerando que o Brasil ocupa apenas a 54ª posição do ranking do Global Innovation Index[1], tendencialmente o país teria que se conformar com níveis de investimento em P&D relativamente baixos.
Em grande medida isso é o que de fato ocorre, com raras e notáveis exceções. Como demonstra pesquisa do Grupo FarmaBrasil[2] (GFB), os investimentos em P&D na indústria farmacêutica vêm experimentando uma notável aceleração no período recente. A partir de dados da PINTEC/IBGE, entre 2008 e 2017 (último ano com dados disponíveis) a taxa de crescimento real dos investimentos em P&D da indústria farmacêutica brasileira (de 4,9% ao ano) foi 2,5 vezes maior do que a média da OCDE (2,0% ao ano).
A realidade dos diferentes segmentos dentro do setor revela um dado ainda mais impressionante: considerando apenas o grupo representado pelas empresas farmacêuticas de capital nacional e de grande porte, com mais de 500 funcionários, o crescimento médio dos investimentos em P&D entre 2008 e 2017 alcançou a marca de 10,6% ao ano. No mesmo período, o investimento em P&D das farmacêuticas de capital estrangeiro encolheu 3,2% ao ano e a média da indústria de transformação brasileira caiu 0,2% ao ano.
O estudo do GFB também demonstra a resiliência dos investimentos em P&D durante o período de retração econômica entre 2014 e 2017, evidenciando que o segmento das grandes empresas farmacêuticas de capital nacional incorporou de forma decisiva e definitiva a inovação como elemento central das suas estratégias empresariais.
Os resultados desse esforço de inovação são notáveis, com um número crescente de empresas que lançam novos produtos no mercado brasileiro e o início de um processo de introdução de produtos novos no mundo, o que configura uma nova fase do processo de desenvolvimento produtivo e tecnológico.
Nesse momento em que o governo federal fala em apresentar o conceito de “neoindustrialização” e o associa à ideia de política orientada à missão, justifica-se revisitar o histórico de resultados entregues pelo setor farmacêutico de capital nacional para a sociedade brasileira.
Poucos segmentos produtivos responderam de forma tão expressiva às políticas públicas quanto o das grandes empresas farmacêuticas de capital nacional. No contexto das missões, o setor, apoiado pelas políticas certas, pode oferecer ainda mais para a sociedade brasileira. Após as experiências com os medicamentos genéricos e das parceiras para o desenvolvimento produtivo (PDPs), a indústria farmacêutica nacional está preparada para dar o próximo passo e avançar na ampliação do acesso da população a medicamentos, contribuir para a resiliência do SUS e reforçar e consolidar a pesquisa e a produção de medicamentos biológicos empregados em tratamentos de maior complexidade tecnológica.
Reginaldo Arcuri é Presidente-executivo do Grupo FarmaBrasil e membro do CNDI
João Emilio Gonçalves é economista e consultor do Grupo FarmaBrasil
[1] Global Innovation Index 2022: https://www.globalinnovationindex.org/Home
[2] Grupo FarmaBrasil. “Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação no Setor Farmacêutico: o Brasil no cenário internacional”. 2023. https://grupofarmabrasil.com.br/2023/05/05/pesquisa-desenvolvimento-e-inovacao-no-setor-farmaceutico-o-brasil-no-cenario-internacional/
O Grupo FarmaBrasil é uma associação privada, sem fins lucrativos, dedicada exclusivamente à representação de empresas farmacêuticas de capital nacional, com foco em inovação no setor. Esclarecemos que não comercializamos produtos ou equipamentos de qualquer natureza.
⚠ Atenção: Não temos qualquer relação ou vínculo com empresas que utilizem o nome “Farma Brasil” para venda de produtos ou equipamentos. Se você está sendo abordado por alguma entidade com esse nome para realizar compras online, saiba que não somos nós. Nosso compromisso é voltado apenas à defesa dos interesses do setor farmacêutico nacional.