11/02/2019 – 05:00
Por Stella Fontes
A ABL Antibióticos do Brasil, que pertence ao grupo farmacêutico italiano ACS Dobfar e é uma das grandes fornecedoras de medicamentos para hospitais no país, investiu R$ 180 milhões para expandir a produção de sua principal linha no país, a de cefalosporinas, uma família de antibióticos usados no tratamento de infecções bacterianas. Os recursos foram aplicados na fábrica de Cosmópolis, no interior de São Paulo, com a instalação de um novo armazém, a duplicação da capacidade produtiva desses medicamentos e a construção de uma subestação de energia e de uma linha de transmissão.
O projeto, contou ao Valor o presidente da ABL, Marco Bosoni, nasceu há três anos, quando a capacidade instalada no país começou a ser mostrar insuficiente para atender à demanda doméstica e internacional. “Com a expansão, queremos melhor atender o mercado local e as exportações. Não conseguimos mais suprir tudo”, disse o executivo italiano, que ssumiu em 2010 o comando da farmacêutica. Além da unidade de Cosmópolis, a ABL tem outra fábrica na mesma região, na cidade de Sumaré, que deu início às operações em 2016. A segunda unidade foi comprada em março de 2014 da francesa Sanofi.
Cerca de 50% do faturamento da ABL é proveniente das exportações para 25 países, principalmente para Estados Unidos e China. Junto, esses dois mercados internacionais representam 40% da receita com embarques. No ano passado, as vendas líquidas totalizaram R$ 550 milhões, com expansão de 10% ante 2017. Para 2019, afirmou Bosoni, a expectativa é de crescimento de 20%.
Os novos prédios da fábrica de Cosmópolis foram inaugurados na sexta-feira, mas o início efetivo das operações ainda depende da licença da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, cuja aprovação deve sair em alguns meses. Um dos principais ganhos com a expansão no curto prazo será a possibilidade de redução dos gastos com hora-extra e a maior racionalização dos custos. “Vamos conseguir organizar a produção”, comentou.
Os recursos usados na expansão, que vai gerar cerca de 150 novos postos de trabalho – a empresa tem 550 funcionários – vieram do caixa da ABL e de empréstimos tomados pela matriz italiana. Nos últimos anos, a operação brasileira decidiu reduzir sua exposição a bancos no país e concentrar os compromissos financeiros no exterior, com custo mais atraente.
A decisão mostrou-se acertada sobretudo quando a crise econômica levou entes públicos, um importante mercado para a farmacêutica, a atrasar pagamentos ou ficar inadimplentes. “Se a empresa não fosse tão sólida, poderia ter enfrentado vários problemas”, contou. Nos demais mercados, porém, a percepção é a de que a crise não deixou marcas.
Com a ampliação, a fabricação da linha de cefalosporinas passará de 35 milhões de frascos por ano para 70 milhões de frascos anuais. A expectativa é atingir 100% de ocupação no próximo ano. Os dois novos prédios ocupam 11 mil metros quadrados, ampliando em 25% a área construída na unidade.
Para garantir o suprimento da energia elétrica adicional necessária ao processo produtivo, a ABL investiu R$ 20 milhões em uma subestação de energia dentro da unidade e uma linha de transmissão de alta tensão com cinco quilômetros, conectada à subestação mais próxima da CPFL Energia. O projeto foi executado pela IBS Energy.
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