14/02/2019 – 13:08
Por Roberta Costa
SÃO PAULO – O dólar subiu 8,3% nos últimos 12 meses frente a uma cesta de seis moedas fortes (DXY), que inclui os parceiros mais relevantes para os Estados Unidos em termos comerciais. É um número vultoso especialmente se olharmos o curtíssimo prazo: nos últimos 15 dias o avanço foi de 2%. Esse comportamento chama ainda mais atenção porque o Federal Reserve (Fed) sinalizou uma interrupção no ciclo de alta de juros, o que, por si, deveria corroborar uma trajetória de depreciação da moeda e não o contrário.
O que pode estar por trás desse cenário é a assimetria de crescimento entre os Estados Unidos e o resto do mundo desenvolvido. Ainda que o temor de desaceleração da economia americana esteja permeando as análises dos agentes financeiros e mesmo nas avaliações recentes do Fed, os dados ainda apontam uma força maior do que se vê no confronto com as economias da Europa e da Ásia – com destaque para a perda de ímpeto da China. Assim, o “gap” entre os EUA e o resto do mundo desenvolvimento favorece a moeda americana num peso bem mais relevante do que o rumo da política monetária, algo inesperado há bem pouco tempo. Isso resulta também em níveis de juros nominais e reais dípares, deixando os EUA mais atrativos para o recebimento de fluxos financeiros. No mais, o dólar é demandado como ativo seguro em tempos de instabilidade nas negociações comerciais do País com a China e de imbróglios políticos que dificultam a aprovação do orçamento americano, o que já culminou na maior paralização parcial das atividades federais da história, de 35 dias, algo que pode, em tese, voltar a acontecer em meio ao debate do financiamento do muro na fronteira com o México. Mas nos últimos dias há mais otimismo que se chegue a uma resolução em Washington.
Há diversas implicações de um dólar forte para a economia dos EUA. Do ponto de vista macro (e se mantido este comportamento por tempo relevante) pressiona para baixo a inflação de bens “tradable”, o que se torna um fator de dificuldade para a manutenção dos preços na meta de 2% do BC americano. O mesmo se pode dizer nas contas externas: deprecia os preços exportáveis e encare os importáveis, machucando o crescimento econômico. Do ponto de vista global, o dólar forte pressiona para baixo os preços de commodities (que são cotadas na moeda americana), impactando as moedas de países produtores, a maioria deles emergentes.
Do lado dos negócios, a moeda forte pesa sobre os balanços das multinacionais dos EUA na conversão de lucros e dividendos. Esse alerta tem sido notado nesta temporada de balanços. Recente levantamento do The Wall Street Journal citou empresas como a IBM, Procter & Gamble e Johnson & Johnson já notoriamente preocupadas com o impacto da valorização cambial sobre os seus resultados.
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